terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Mestre - conto de Robson Machado

O Mestre
     Robson Machado

Esperou o sinal como uma alforria e se livrou dos papéis como o assassino da prova. Feito Ló, saiu sem olhar pra trás.
Em casa, abandonou a pasta surrada e imunda de giz atirando-a por entre a gôndola usada que lhe  foi possível comprar.
Agarrou-se ao copo e teve um suspiro de felicidade.
Viu-se escravo outra vez na segunda-feira e experimentou um pouco da esperança ingênua ao ansiar pela sexta.
Voltou a rotina.
Repensou a vida.
Matou trabalho enrolando no banheiro após o sinal do intervalo e fazendo chamada enquanto os anjinhos se trucidavam aos tapas.
Pensou ser esperto ao tentar dar um golpe na mais-valia. Arrependeu-se!
Lembrou-se da nobreza de seu ofício que muito agrada aos românticos que nunca o experimentaram.
Foi trouxa mais uma vez.
Remoeu a possibilidade de uma versão de si próprio bem sucedido.
Pestanejou.
Idealizou um copo de cerveja e foi burramente alegre como outras vezes.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Tartaruga e a Lebre - Murilo Cararro (nova versão)

A Tartaruga e a Lebre


A tartaruga e a lebre eram grandes amigas, porém a tartaruga vivia zombando a lebre por ser muito apressada e não ter paciência, como a tartaruga.
Certo dia, cansada de provocações, a lebre desafiou a tartaruga a um teste de paciência: esperar na fila de um banco. Aquela que ficasse e aguentasse mais tempo no local venceria.
Convicta, a tartaruga aceitou, já reconhecendo sua vitória.
Chegado o dia, no banco, a lebre até cochilo na fila tirou, enquanto a tartaruga que se dizia paciente não aguentou e logo foi embora, perdendo o desafio e a paciência.
Moral da história: Nunca reconheça uma vitória antes da hora.

Murilo Cassiano Carraro
2015

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Entrevista com Poesia Reclamada (Saulo Pessato) - Digitalismo - Especial Arte e Cultura




Entrevista com Poesia Reclamada (Saulo Pessato) - Digitalismo - Especial Arte e Cultura


Fernando Sales, do Canal Digitalismo, entrevista autor da Poesia Reclamada, Saulo Pessato. Saulo tem poesias famosas na internet. O criador da página Poesia Reclamada concedeu uma entrevista exclusiva ao Canal Digitalismo. O poeta Saulo Pessato fala sobre arte, internet, juventude e, claro, o que é poesia. Sua página já tem mais de 130 mil "curtidas" (informação atualizada) e há até gente pichando seus versos pelo Brasil.
Agracimentos ao próprio Saulo Pessato, com sua Poesia Reclamada, ao Robson Acácio, que nos cedeu a vinheta de abertura, à Isabela Carolina, que nos cedeu a iluminação, e ao Física no Fusca, que nos divulgou. Abaixo seguem os links para contatá-los ou nos contatar:

Poesia Reclamada:
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Vimeo do Robson Acacio:
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Física no Fusca:
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Antologia Desconhecida e Digitalismo - Syara e Gustavo Machado - I



Você sabe o que é Antologia Desconhecida? O Canal Digitalismo entrevistou Syara de Noronha e Gustavo Machado (Caipira) para descobrir o que é esse movimento artístico, que envolve poesia, pintura, fotografia e muito mais. Confira!
Agradecimento especial a Robson Acacio pela abertura.

https://vimeo.com/robsonacacio
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Artistas da minha vida - Vinícius de Moraes - Digitalismo

O Canal Digitalismo apresenta, em seu segundo Artistas da minha vida, Vinícius de Moraes. O poeta, ou poetinha, como era chamado, é criador do famoso Soneto de Fidelidade, dos poemas A hora de Hiroxima, O operário em construção, Poema enjoadinho, das músicas Garota de Ipanema, Chega de saudade, A casa, entre muitas outras.
Vinícius foi poeta religioso, do amor, da sociedade, foi músico, foi brasileiro. Com vocês, esse monstro, em uma pequena biografia!

Os créditos da abertura vão para Robson Acácio, que tanto acredita em nosso trabalho:
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Fuvest, Usp, Unicamp. 

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sábado, 25 de julho de 2015

Canal Digitalismo - Análise e resumo de Capitães da areia, de Jorge Amado

Análise e resumo de Capitães da areia, de Jorge Amado, por Fernando Sales



Análise e resumo de Capitães da areia, de Jorge Amado, por Fernando Sales

DESCRIÇÃO: Esta é antes de tudo uma dica de leitura, formada por uma análise e um resumo do livro Capitães da areia, de Jorge Amado, escritor modernista brasileiro. Fernando Sales comenta a trajetória dos capitães de areia, tidos como marginais, destacando Pedro Bala, Sem Pernas, Pirulito, O Gato, Dora e outros. Além disso, algumas características de Jorge Amado são destacadas.
O Modernismo, em sua segunda fase, tinha sua vertente regionalista e de denúncia, o que se encontra claramente nessa obra.
Esse livro tem sido cobrado nos vestibulares da Fuvest e da Unicamp.

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Poema de Yurih Guerra Caproni

Poema de Yurih Guerra Caproni

Ao jogar dos seus cabelos e na simplicidade do seu olhar
Via em mim um anseio de aprender o que só você poderia ensinar
Abro a janela está frio, tão quão uma brisa pode soprar
Mas aprendi que com teus toques não há frio que não venha se esquentar
De todas as formas, tão formosa e incerta
A vida por vias rápidas a mim alerta
Pode não ter amanhã, pode que ontem não existiu
Mas foram teus cabelos, teus olhos
Que por um dia este homem sorriu


Poema de Yurih Guerra Caproni


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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Santificado seja... - Gabriel Lambert

Santificado seja...

                 Gabriel Lambert



                Walter secou o suor da testa, a garota era realmente pesada. Ele sentia sua pele pálida sobre a mão, estava molhada e fria como gelo. Seus olhos que algum dia foram verdes agora encontravam-se brancos e opacos. Seus lindos cabelos cor de cobre estavam desbotados e mortos. Ela exalava um cheiro de tristeza e solidão. Arrastou o corpo de Debby até a margem do lago e chamou a polícia.
                Cinco dias atrás Debby saiu para andar de bicicleta na floresta, perto de um local conhecido como Cova do Diabo. O tempo passou e Debby não voltou para casa. Seu padrasto Walter havia encontrado o corpo no lago, nu, com as mãos amarradas com um pedaço de pano velho. Marcas estranhas pelo corpo da garota chamaram a atenção, principalmente em uma cidade pequena como Chester’ s Grave. Jessica Witherspoon estava arrasada, ter a filha encontrada morta não é fácil, principalmente quando é assassinada de forma brutal.
                Os principais suspeitos eram dois garotos de 16 anos, Raiden Pippe e Joseph Angelo. Segundo a polícia, Walter encontrou pedaços das vestes de Raiden usados para amarrar as mãos da garota. A situação piorou quando foram encontrados desenhos de estrelas, pentagramas e objetos supostamente relacionados ao demônio na casa dos garotos, discos de rock considerados profanos pela população local, extremamente religiosa. Protestos contra os garotos ocorriam todos os dias e devido ao preconceito da população, eles não podiam sequer sair na rua. Mas os meninos investigaram o caso, principalmente Walter, que sempre demonstrou desprezo pela menina. Ele já tinha passado por vários exames psicológicos que comprovaram tendências psicopatas sérias.

                Os garotos estavam prestes a serem executados, mas dois dias antes do julgamento, Walter se encontrou com eles e contou detalhadamente como tinha derrubado a menina, matado e jogado no lago, tudo porque ela se parecia com o falecido pai, o que causava ódio profundo em Walter. Ele plantou as provas contra os garotos e sabia que isso bastaria para condená-los por parte da população e do júri. Dois dias depois os meninos foram julgados culpados – não deram ouvidos para os argumentos de defesa deles. Foram executados injustamente e o verdadeiro culpado vive tranquilamente. A sociedade preconceituosa condenou os inocentes de forma fria e inescrupulosa porque eles simplesmente não entendiam o modo diferente e sombrio daqueles dois garotos.


Assista aos vídeos do Canal Digitalismo no Youtube - "A tecnologia a serviço da arte e da cultura"! Abaixo nossa apresentação, que dura só um minuto:

sábado, 27 de junho de 2015

Conto O CASO DEBBY - Mariana Carvalho

Tem dificuldade em leitura? Conheça nosso canal DIGITALISMO no Youtube. Assista aos vídeos "Como ler poesia", "Vidas Secas" e outros!
http://www.youtube.com/watch?v=1u3xHB9Vbpo



O CASO DEBBY
Mariana Carvalho

Não fazia sentido. Quarenta e oito horas e nenhuma evidência do desaparecimento da garota Debby. Segundo o relato de seus pais, a filha estava em seu quarto brincando, quando um barulho muito alto veio de seu quarto, então,  ela não estava mais lá.

A primeira coisa que eu e minha equipe fizemos foi procurar por digitais no quarto e nos brinquedos de Debby. Nada fora do normal. Depois levamos os pais até a delegacia. Apesar de parecerem preocupados com a filha, não deixavam de ser suspeitos. Também nada fora do normal.

Após um dia de desaparecimento, dei uma volta pela vizinhança da casa onde a menina havia desaparecido.

Entrevistei alguns vizinhos, mas todos pareciam confusos, talvez pelo choque de um sequestro em um lugar tão pacífico. Pedi aos pais de Debby para imprimir fotos da filha e espalharem pela cidade.

Pela primeira vez em minha carreira, não havia conseguido uma pista, uma digital, um suspeito para o caso. Foi então que comecei a notar que algo estava errado.

Fui até a casa de Debby e vasculhei mais um pouco. Encontrei um cartão com a foto de uma criança, nele lia-se: "Debby / 1997-2005" . Debby estava morta havia cinco anos. Então por que os pais dela só haviam notado agora? Ou então...

Alguns segundos depois, eles aparecerem na porta, com as roupas ensanguentadas e com furos de bala. Ao lado deles estava Debby, com metade do crânio estourado, sorrindo para mim.




Gostou do conto? Logo publicaremos outros! Por enquanto...
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quarta-feira, 24 de junho de 2015

O inexplicável caso de Debby White - Matheus Curiel

 O inexplicável caso de Debby White
                                               Matheus Curiel

 O sinal tocava dizendo que era hora de ir para casa. Os alunos arrumavam seus pertences apressados, dando boas vindas às férias de verão. 
     No canto da sala, uma menina doce e encantadora terminava de fechar o zíper de sua mochila para ir até o ponto de ônibus. De longe, Debby avistava sua carona para casa sumir no horizonte. Se atrasara. Resolveu, então, ir caminhando. Ao longo do trajeto, ela se encontra com Douglas, um menino que havia mudado para a cidade há pouco e entrado na escola no inicio do ano letivo, ele era tímido e ela, muito simpática. Começaram a conversar e a se conhecer.
   Restavam 4 quarteirões para Debby chegar em sua residência, quando avistou uma antiga e sombria casa, feita de madeira e com um ambiente pesado e triste - era onde Douglas morava. Ele a convidou para entrar e beber um copo de água, e para não envergonhar o menino, ela aceitou.
   Ao entrar, Debby se depara com uma casa totalmente abandonada e com muito lixo no chão. Douglas lhe trouxe um copo com água e ela bebeu.
  Duas semanas se passaram e o jornal noticiava:
"Corpo de jovem é encontrado em uma velha casa abandonada, tudo o que se sabe até o momento é que Debby White foi uma vítima de um crime hediondo".
 No enterro, havia um túmulo, do lado de onde Debby fora enterrada, com os dizeres:

 ''Douglas Foster, 1975-1990'' 

domingo, 31 de maio de 2015

Primeiro Manifesto Digitalista - Fernando Sales e Aquinno dos Reis

PRIMEIRO MANIFESTO DIGITALISTA

Vemos que a arte padece nos nossos dias. Não só ela, mas instituições milenares, a exemplo da família e de algumas religiões. Por outro lado, percebemos que novas manifestações crescem com toda a força, como o fenômeno da internet. Há qualquer coisa desajustada entre as percepções de tecnologia e de arte, neste momento; algo como se elas fossem distantes, talvez até mesmo desconhecidas.
O Digitalismo surge como um grito de protesto e um apelo ao despertar em meio à letargia geral da arte. Isso porque ela agoniza e não pede socorro. Nem mesmo se socorre.
O que poucos perceberam ou ao menos levaram a sério até então é a tendência completamente natural de fusão entre as manifestações artísticas e a internet. E elas, neste momento da história, dão-se as mãos. Nesse sentido, o movimento digitalista vem também para sistematizar esses acontecimentos. Para ele, não só a folha de papel, as paredes de uma construção, o cd, o dvd ou a pedra bruta são considerados os “locais” de produção. Para nós e para nossos contemporâneos, a tela, do computador ou da tevê, é o grande local do fazer artístico. Nesse sentido, o designer, o músico independente, o fotógrafo, o poeta digital e o desenhista digital, para citar alguns exemplos, adquirem importância única.
Passamos do papiro ao papel e, agora, do papel para a tela. Porém o que ocorre não é só uma mudança de plataforma; isso porque a plataforma agora transforma a maneira de se realizar a arte. Valorizamos essa tendência em todas as suas possibilidades. O advento da internet não só trouxe uma nova maneira de difusão da cultura, marcada pela velocidade, como também resultou em diferentes formas de viver, sentir, pensar, divulgar a arte, fazer política e denunciar as mazelas sociais. A sociedade inventou a internet e a internet está reinventando não só a sociedade em geral, como também a expressão artística.
As antigas editoras podem não morrer, mas já agonizam. O e-livro, o audiolivro, as pinturas em programas de computador, os músicos que se lançam por canais de vídeos na internet, as animações em computador, tudo isso constitui uma nova realidade: inevitável, irrefreável. Negar tal fato seria nadar contra uma correnteza que já afogou a velha arte.
Em termos técnicos, é possível e mesmo uma tendência agora a união entre diversas formas de arte em uma só obra. “A névoa”, por exemplo, de autoria de Fernando Sales (Professor Fernando Letras) une poesia, imagem e som; em outros casos, há a união entre poesia, pintura e música. Nada impede, inclusive, uniões com o teatro e com a escultura digital.
Desse modo, o Digitalismo emerge como um universo no qual as oportunidades se multiplicam. E se, antes, o artista sofria para publicar sua obra, em virtude da sua condição financeira ou da conjuntura editorial ou política, hoje basta acessar a rede para divulgar sua criatividade. Por conseguinte, o artista digital encontra mais chances para o reconhecimento de sua obra, diferentemente do que ocorreu, por exemplo, com José Joaquim de Campos Leão, o Qorpo-Santo, dramaturgo gaúcho que viveu no século XIX, mas cuja obra foi reconhecida apenas a partir da segunda metade do século XX.
Nossa época, ao contrário, permite o reconhecimento instantâneo, o contato imediato e frequente entre o artista e seu público. As novas livrarias encontram-se todas na tela; as exposições também; o músico não precisa mais de uma gravadora e um cd inteiro para se lançar, com uma música isso já é possível e imediato; toda peça teatral é agora um pouco de cinema, quando publicada na internet. Vivemos uma nova realidade em que cada um e todos reconstroem o sentido artístico, o ser e o estar no mundo. Digitalismo é o nome dessa expressão.



                                                          Aquinno dos Reis e Fernando Sales (Professor Fernando Letras) 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Poema de Yurih Caproni Guerra

Sou eu as drogas dela
As que viciam, as que machucam que matam de dentro pra fora por segundos
Mas que relaxam que igualam que aliviam e fazem querer mais
Pra ela sou a maconha
Quando lhe dou amor e lhe tranquilizo
Pra ela sou cocaína
Como lhe faço ficar agitada e ansiosa pra me ver
Pra ela sou álcool
Como embriago-a de paixão e lhe faço que se abra
Pra ela sou amor
A pior droga do mundo.
Km, m, segundo
Cada milha que nos separa...
Asfalto quente, chuva gélida
Todas incertezas de um coração apaixonado
Todos receios de um amor recíproco
Sol, lua, calor, chuva
O quão longe meu amor pode alcançar?
Se por milhas, grandes distâncias é tão difícil prosperar
Você está tão perto e ao mesmo tempo tão longe
Tudo a minha volta está tão perto e ao mesmo tempo tão longe
Só você domina minha mente, corrói minha razão e obstrui meus dogmas
Só por ti, amei, chorei, vivi
Mesmo que distante, mesmo que improvável, te amei, mas nunca te vi

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Homem de bem - Alice Gouveia


     Chamava-se Bernardo. Era homem de bem.
     Bernardo tinha vários amigos; não eram maus, mas não eram de bem como Bernardo.
     Seus amigos não cometiam crimes, mas tinham seus "esquemas", como eles mesmos diziam. Por exemplo, na segunda, se alguém faltava a faculdade - por motivos de "ressaca", eles assinavam a lista de presença pela pessoa. Eles passavam cola. Eles matavam aula.
      Bernardo não! Bernardo nunca faltava aula, mas se fosse necessário, ele apresentava atestado depois. Bernardo não pedia, e nem passava cola, achava que temos que valorizar o esforço de cada um.
      Entre outras ações, Bernardo não furava fila, devolvia o troco que lhe deram errado, tinha todos os documentos autênticos, não comprava produtos falsificados.
       Os amigos de Bernardo o chamavam de "careta", "sem graça", e outros adjetivos. Mas Bernardo não se importava, pois era um homem de bem. Minha amiga, sabe aqueles caras que sua mãe fica pedindo a Deus que apareça na sua vida? "Ache um homem de bem pra casar" - essa frase que as mães sempre dizem? Então, Bernardo era um desses homens.
       Nunca fez nada errado.
       Mas Bernardo morreu jovem.
       Bernardo era um dos poucos homens que era realmente bons. Porém, morava em uma cidade grande, e foi atingido em um tiroteio. Horrível cena. Todos ficaram abalados.
      Bernardo morreu virgem de corrupções.